Não sou sagitariano, mas luto contra uma verdadeira adoração a refeição. Faço esportes, corro 10km três vezes por semana, como porções pequenas alternando os horários, mas a biologia sempre vence. A consciência sabe o que devo fazer, mas a biologia protege o corpo para tacar açúcar no corpo e no final, o cérebro trama um complô para justificar o erro. Tudo que envolve comida particularmente é bom. Tira a ansiedade, proporciona prazer ao cérebro e nos dá uma atividade feita em família ao som de música pelo Spotify. O prazer de uma comida pode até ser visual, basta você assistir ao reality Masterchef. Melhor ainda é ver a paixão de outrem pela cozinha como no filme A Festa de Babette. Mas a melhor lembrança, vai para Meg Ryan. Lembram de Harry e Sally? Billy Crystal como Harry e Meg Ryan como Sally, estão em um restaurante discutindo sobre orgasmo feminino e Sally resolve dar uma demonstração no local de como é fácil simular um orgasmo de proporções épicas. Diante de todos, Sally faz a melhor cena do filme. No final, uma senhora ao lado chama o garçom e pede:
- Eu quero o mesmo que ela comeu.
No passado, várias sociedades, devido as grandes desigualdades sociais, sofreram imensamente com a fome. Como na França no período de 1789. A reputação da grande gastronomia francesa, terra dos famosos vinhos de Bordeaux e da Bourgogne, os queijos mais finos do mundo, tinha uma população sofrida que tinha que tirar água de pedra, comendo ratos, caracóis e tudo que pudesse transformar em alimento. Mais tarde, Napoleão III declarou guerra à Prussia, e os parisienses se viram sem estoques de alimentos pelo exército prussiano. A solução foram criar uma receita de rato ao pistache, perfumado com champagne e servido com uma salada de cresson. Do Zoológico surgiram receitas como consommé de elefante, terrine de antílope, civet de canguru, entre outros.
Vários países enfrentaram esse problema e uma delas, a China. Milhões já morreram de fome no país, com apenas 10% das terras férteis, da mesma forma que muitos tentaram solucionar através qualquer animal disponível. Hoje é muito comum encontrar em feiras locais, potes de insetos, aracnídeos, artrópodes, ao mesmo tempo que valorizam os brotos de bambu, raízes de lótus, algas marinhas, cogumelos e musgos. Pratos como a famosa sopa de morcego não soa estranho para eles, apenas para brasileiros que estão realmente em uma terra abençoada onde tudo que se planta, dá.
O problema não é a iguaria, já que possuem o dom da manipulação de diversos animais. O problema é com quem captura o animal para fazer sopa, que fica exposto a carcaça e sangue do animal. Durante muito tempo, o vírus entrou em mutação e agora ele ficou pronto para infectar humanos. Nada da noite para o dia. Sempre falo que o nosso maior “predador” é o vírus. Ele vai um dia dizimar parte da população mundial, sem sombra de dúvidas. Esse é o temor do ser humano, pois uma pandemia avançar pelo globo terrestre, hoje é uma realidade. Existem games que brincam com isso. Seu objetivo é tentar salvar a humanidade da extinção por algum vírus mortal.
Sempre enfrentamos essas ameaças com um trabalho de contenção muito eficiente através dos tempos, apesar das baixas, mas ainda temos muito a aprender e conter, como os que estão surgindo com o derretimento das geleiras. Nós evoluímos para resistir a eles. Cientistas descobriram fragmentos de RNA da gripe espanhola de 1918 em corpos enterrados em valas no Alasca. Estamos a todo momento sendo testados pelos nossos futuros carrascos. Insalubridade sempre vai ser o culpado número 2. Mesmo o Brasil, com maior parte da população sem saneamento básico, pode ter alguma bactéria ou vírus espalhados nas grandes cidades, haja visto o Carioca bebendo esgoto das torneiras.
Não se enganem, hoje o culpado número 1 é o capitalismo selvagem que é travestido como o melhor sistema econômico pela extrema-direita. Você tem até o direito de pedir ao garçom o mesmo que a extrema-direita está comendo, porque o efeito é de alucinação.